Um cocô para o éT Murilo Gun

Quem acredita que agosto é o mês do desgosto, que 13 é um número de azar e que, portanto, 13 de agosto é uma data da moléstia ou da bixiga lixa como se diz em Recife, não estava em Juiz de Fora no talk show de Murilo Gun, no Trade Hotel. Desconfio que não apenas no meu calendário, mas também no daqueles que, mesmo não tendo filhos, têm fé, sobretudo, no espírito de partilha, de colaboração, de afetividade como expressão para uma cultura de paz, 13 de agosto agora é seguramente um dia de muita sorte. Afinal, foi nele que o éT, com passagem pela NASA, de sotaque e personalidade arretados, pousou sua nave “Papai” nas nossas bandas, para falar acima de tudo de amor, abrindo espaço para que uma horda alienígena se sentisse acolhida pelo simples fato de ser diferente, inclusive, entre si.

“Love is coming”, frase que Gun escolheu para a parte final de sua apresentação é, em tempos bicudos como os atuais, em que só parecem coexistir bolsominions e esquerdalhas, um grito de liberdade, uma espécie de bomba recheada de chocolate lançada sobre o Japão, capaz de fazer nascer o Japão gostoso da paz. Mais que isso. É uma oferta generosíssima de uma criança que sobrevive diariamente ao processo crescente de adultização, mantendo intacta sua criatividade, até mesmo para inspirar outros e outros e muito mais outros jovens e adultos criativos. Sua mensagem “paz e amor”, catapultada da geração de 1968 e embalada pela inteligência da era pós-digital em 2019, o consagra ao melhor estilo hippie high tech.

Engana-se, no entanto, quem pensa que o fato de Murilo Gun ter passado na peneira mundial, para frequentar as dependências da NASA, seja a motivação primordial para dizer neste artigo que ele éT. Na verdade, a inspiração não está baseada no modo como entrou, mas como saiu da agência espacial americana, quando destacou, com uma enorme letra T no telão, a maior de todas as suas bagagens adquiridas por lá: a exata noção do que é o conhecimento em forma de T.

Digamos que, cientificamente, trata-se de uma abordagem que mescla o que se aprende pela curiosidade (barra horizontal) e pela especialização (barra vertical) ao longo da vida, gerando uma gama valiosa de inputs que alimentam a criatividade ou a combinatividade (processo) capaz de solucionar problemas (outputs). Isto significa que quanto mais conexões forem feitas entre essas duas linhas, maior é a capacidade que um ser humano tem de ser útil ao planeta. Porém, no fundinho mesmo, aquele T gigante da apresentação me remeteu à simbologia perfeita da palavra que bem define Murilo Gun. Você éTesão, meu caro. éTesão de vida. éTesão de bondade. éTesão de generosidade.